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FREDERICO
MORAIS

2001

Não sou possuidor de uma estética. O tempo me ensinou algumas astúcias.  Jorge Luis Borges
 

Ao longo de sua carreira, que já dura quase quatro décadas, Maria do Carmo Secco nunca se filiou a correntes ou tendências estéticas, menos ainda submeteu seu trabalho criador a dogmas ou princípios rígidos. O que não a impediu de dialogar com algumas dessas tendências – figuração narrativa, arte conceitual – ou participar, com obras e idéias – ensinando, fazendo curadoria de exposições, dirigindo escolas e museus – de alguns momentos cruciais da arte brasileira das últimas décadas. Na floresta de “ismos” da arte contemporânea, criou seu próprio caminho, permeado, é certo, por picadas e vias alternativas. Nunca se repete. Inventa. Se o desenho é uma fonte permanente de sua criação, ampliou ao máximo o conceito de desenho, para nele abranger outros meios e recursos expressivos. Os noves trabalhos aqui expostos (exposição montada no Centro Cultural Banco do Brasil- RJ, em 2001 ), tão ousadamente diferentes na diversidade das questões abordadas, não buscam uma coerência visual ou meramente exterior. A linha construída a lápis, que se desfaz na cor, a incisão na tela, a descolagem, o branco restaurado, a moldura interna, inflando virtualmente o suporte e criando um plano instável, assimetrias, branco, branco, branco, o percurso tonal, tenso, entre o vermelho e o violeta, na obra seqüencial composta por nove telas, as duas das extremidades inconclusas, o tecido tosco à vista, como que a indicar, o limite de sua proposta. Enfim, astúcias de uma pintora que se quer livre de estéticas consolidadas, para deixar fluir livremente idéias e sentimentos. No entanto, se analisados com vagar e atenção, estes trabalhos irão demonstrar que os une um pensamento plástico vigoroso, uma desconcertante e atraente coerência interna. Viva Maria.

 

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"I do not have an aesthetics. Time has taught me a few tricks." 

Jorge Luis Borges

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Throughout a career that has lasted almost four decades, Maria do Carmo Secco never affiliated herself to aesthetic currents or tends; even less so did she submit her creative work to dogma or strict principle. Which never prevented her from dialoguing with some of those trends (such as narrative figuration, conceptual art) or from having participated, with works and ideas that have included teaching, curating exhibitions, and directing schools and museums, in certain crucial moments in Brazilian art over the last decades. She has made her own way through the forest of contemporary art’s “isms”; a way permeated, to be sure, by narrow paths and alternative routes. She never repeats herself. She invents. While drawing is the permanent source of her creations, she has expanded the concept of drawing to a maximum in order that it may contain other media and expressive resources. The [“nine” or “new”?] noves works on exhibition here (at the Centro Cultural Banco do Brasil in Rio de Janeiro, in 2001), so boldly different in the diversity of the problems they tackle, seek neither visual nor merely exterior coherence. The line built by pencil that dissolves itself in color, the incision in the canvas, the ungluing [descolagem – Ana: é isso mesmo?], the restored white, the internal frame, virtually inflate the support and creating un unstable plane, asymmetries, white, white, white, the tense tonal trajectory between red and violet in the sequential work made up of nine canvases, of which one on either extremity of which is unfinished, the coarse fabric quite visible, as if to point out the limit of its proposition. Ultimately, the tricks of a painter who would rid herself of established aesthetics so as to allow ideas and sentiments to flow freely. However, if slowly and carefully analyzed, these works will demonstrate that they are united by a vigorous formal logic, a disconcerting and attractive internal coherence. Viva Maria.

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